domingo, 29 de janeiro de 2012

Five friends and a bar in a small city

      O filme tem produção de Coppola e é tão pouco conhecido q só achei essa foto abaixo na net, mesmo buscando pelo nome em inglês. A obra é de um lirismo maravilhoso.
       Depois dele me deu uma vontade imensa de ter um bar com muito bob dylan, etta james (q se foi ontem) e whisky numa cidade perdida na América.  O mundo é muito maior do que aquilo que vivemos no dia-a-dia. Só a Arte nos redime. Um brinde, hoje e sempre, aos q transgridem, aos que enriquecem nossa alma cotidiana.

A menina Virgínia

A paixão segundo Sóror Mariana Alcoforado

O filme de Eduardo Geada: http://www.youtube.com/watch?v=hR2xzq1RRz4
O projeto teatral a partir das cartas: http://www.youtube.com/watch?v=o4K63ZTwon4



Não ter medo de amar rompe fronteiras na alma e põe brilhos ocultos no olhar.
Não ter medo de amar é a única coisa q dá sentido pleno à nossa existência.
Ter medo da paixão torna a vida tão rasteira porque nos priva de alçar aqueles vôos para os quais foram feitas nossas asas. Fernanda Meireles, 29/01/2012

sábado, 28 de janeiro de 2012

Pescarias

I said to the wanting-creature inside me:
What is this river you want to cross?
There are no travelers on the river-road, and no road.
Do you see anyone moving about on that bank, or nesting?


There is no river at all, and no boat, and no boatman.
There is no tow rope either, and no one to pull it.
There is no ground, no sky, no time, no bank, no ford!


And there is no body, and no mind!
Do you believe there is some place that will make the
soul less thirsty?
In that great absence you will find nothing.


Be strong then, and enter into your own body;
there you have a solid place for your feet.
Think about it carefully!
Don’t go off somewhere else!


Kabir says this: just throw away all thoughts of
imaginary things,
and stand firm in that which you are.


——

Eu disse, à criatura sedenta dentro de mim,
que rio é esse que desejas atravessar?
Não há viajantes na estrada que leva ao rio, e não há estrada.
Vês alguém caminhando junto à margem, ou se abrigando ali?

Não há rio algum, nem barco, nem barqueiro.
Não há corda atada ao barco, nem alguém para puxá-la.
Não há chão, céu, tempo, banco de areia ou vau!

E não há corpo, nem mente!
Acreditas que existe algum lugar capaz de aplacar
a sede da alma?
Nessa grande ausência, nada encontrarás.

Sê forte, então, e penetra teu próprio corpo;
ali tens um lugar sólido para os teus pés.
Pensa nisso com cuidado!
Não te desvies noutra direção!

Kabir diz isto: apenas te desfaz de todo pensamento sobre
coisas imaginárias,
e te mantém firme sobre aquilo que és.
—–

O poeta místico Kabir viveu na Índia de 1440 a 1518

Pescado em: http://caquiscaidosblog.wordpress.com/

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Memórias de menina cantadas no Boitempo

MITOLOGIA DO ONÇA
Que lugar diferente dos lugares,
o Onça!
Custo a crer que exista além da boca,
faladeira de sonhos.
No entanto viajantes vêm do Onça,
apeiam, amarram suas mulas
na argola do mourão
e contam, pachorrentos, da viagem.
Contam de sua gente, de seus matos
e seus rios.
O Onça-Grande, o Onça-Pequeno
me perturbam.
São rios feitos de onça, águas ferozes
de onça encachoeirada?
Nas ruas do Onça passam onças
e pessoas caminham junto a elas?
Uma onça maior governa o Onça,
cada dia um menino é mastigado
em sua mesa rubra a escorrer sangue?
Riem de mim os viajantes
se lhes faço perguntas. Não pergunto.
Não riem. Ouço apenas
as estórias do Onça, corriqueiras.
No Onça não há onças.
É calma, tudo lá. Em mim, tremor.
Em mim é que elas bramem, noite negra.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A MONTANHA PULVERIZADA

Chego à sacada e vejo a minha serra,
a serra de meu pai e de meu avô,
de todos os Andrades que passaram
e passarão, a serra que não passa.

Era coisa dos índios e a tomamos
para enfeitar e presidir a vida
neste vale soturno onde a riqueza
maior é sua vista e contemplá-la.

De longe nos revela o perfil grave.
A cada volta de caminho aponta
uma foma de ser, em ferro, etrna,
e sopra eternidade na fluência.

Esta manhã acordo e
não a encontro.
Britada em bilhões de lascas
deslizando em correia transportadora
entupindo 150 vagões
no trem-monstro de 5 locomotivas
- o trem maior do mundo, tomem nota -
foge minha serra, vai
deixando no meu corpo e na paisagem
mísero pó de ferro, e este não passa.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Leituras de férias

            Me sento, agora, para atualizar minhas micro-resenhas de minhas leituras neste janeiro metade chuvoso, metade solar, para mim, regado a café na mesa da cozinha e uma estante cheia de infinitos borgeanos.
Bom, para começar quero agradecer, mas uma vez, à Ju Gervason por ter, depois de tanto me indicar, me enfiar um livro do Mia Couto nas mãos, numa dessas visitas economicamente suicidas a uma bookstore. Ju, vc tem toda razão nessa sua paixão antiga que, agora, é minha tb. O livro que li é uma coletânea de contos chamado O fio das missangas. Lindo, lindo, lindo. Reencontrei ali, noutra dimensão, um Guimarães Rosa, transmutado, mas plenamente lírico e, tb acredito, um pouco de Clarice em A despedideira, um dos contos q mais me fascinaram. A partir de agora, essa outra estente q trago metafórica e lírica em mim abriu uma janela, um infinito particular para Mia Couto. Virão outros volumes, é promessa, já se fez necessidade.
              O segundo volume lido foi o de Natália Ginzburg, Léxico Familiar, livro sobre o qual havia tido um interesse particular há muito tempo, mesmo com algumas indicações contrárias. Bom, não encontrei ali relametne o que algumas críticas em jornais e na net me levaram a esperar: um trabalho mais formal que, inclusive justicasse o título - Léxico Familiar. Por Léxico Familiar toma a autora uma série de frases e ditos comuns no cotidiano de sua família. Então, não há mesmo, nenhum trabalho formal diferente ou inovador. Há, sim, um retrato de uma família num período bastante grande de tempo, marcado por ditos e frases cotidiana, comuns tb a qqr família grande e/ou italiana. Mas por esse lado, o livro tem seu valor. Está ali um retrato do q era ser uma família judia italiana num perído q vai da ascensção do fascismo na Itálai até o pós-guerra. Vale como um retarto bem pintado de um tempo.
           O outro livro , tb de um italiano, foi "A lua e as fogueiras" de Cesare Pavese. Conheci Pavese por causa de Italo Calvino q listou esse livro entre seus prediletos em "Por que ler os clássicos", para mim, uma referência de biblioteca básica. Do Pavese, primeiro conheci uma coletânea de poemas, fantástica, intensa, lírica, cheia vinhedos, terra, vinho, gente... que me fez voltar muito às minha origens e a querer terra pura debaixo de meus pés. Então... li tb A lua e as fogueiras. O livro tem como norte as reflexões de um homem q volta a sua cidadezionha italiana em busca de algo q ele mesmo não sabe o que é, mas que tem a ver com uma pergunta sobre si, sobre ter chão, ter uma casa, ter raiz, enfim. Falando, assim, pode parecer trivial, mas o q me encanta em Pavese é seu lirismo e sua intensidade ao retratar a vida. Vai estar sempre entre meus preferidos.
           Por último, comento um livro muito leve e delicado que recebi de alguém tb apaixonado  por livros, q vive todos os seus dias rodeado por eles. Recebi e li, num jato só, Seu Ibrahim e as Flores do Corão, de Eric-Emmanuel Schmitt. O livro trata da amizade entre um velho mulçumano sufi e um menino judeu abandonado pela mãe em criança e pelo pai na adolescência. O livro não é piegas porque não recorre ao sentimentalismo, trata da amizade de uma forma lírica, sem esconder as diferenças étnicas, socias e culturais entre esses dois povos.
        Segui um link com trechos da encenação portuguesa da obra e uma entrevista com o diretor:
http://www.youtube.com/watch?v=cBmGOrK4ScE

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Clarividência

         O poema é uam bola de cristal. Se apenas enxergares nele o teu nariz, não culpes o mágico.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Incelença Para Um Poeta Morto - Elomar

Cantemo u'a incelença
prá êsse ilustre prufessô
qui nessa hora imensa
chegô aos pé do Criadô
choremo outra incelença
pru grande meste da "Lição"
de saudosa lembraça
in nosso coração
levanta é madrugada
os galo já cantô
qui sua "Viola quebrada"
silenciosa ficô
segue a istrela de guia
nos campo do Siô
qui "A mão nevada e fria
da saudade" chegô
um canto de incelença
na Casa do Rei Salomão
cântaro os cumpaiêro
cum as ispada na mão
levanta é madrugada
os galo já cantô
qui sua "Viola quebrada"
silenciosa ficô
segue a istrela de guia
nos campo do Siô
qui "A mão nevada e fria
da saudade" chegô

http://www.artistdirect.com/nad/window/media/page/0,,3916622-15312861,00.html

Vamô falá do fio da terra, Elomar, o cantadô.



Documentário sobre Elomar Figueira Mello, violeiro do sertão :
PARTE 1: http://www.youtube.com/watch?v=lDGaT3HRLjk
PARTE 2: http://www.youtube.com/watch?v=MQHOY-2EtIY&feature=related
PARTE 3: http://www.youtube.com/watch?v=2u0AKw7fpXA&feature=related
PARTE 4: http://www.youtube.com/watch?v=NMXOx9wYLF8&feature=related
PARTE 5: http://www.youtube.com/watch?v=gxYOAHc_kkQ&feature=related

Cantiga do Estradar

Tá fechando sete tempo
qui mia vida é camiá
pulas istradas do mundo
dia e noite sem pará
Já visitei os sete rêno
adonde eu tia qui cantá
sete didal de veneno
traguei sem pestanejá
mais duras penas só eu veno
ôtro cristão prá suportá
sô irirmão do sufrimento
de pauta vea c'a dô
ajuntei no isquicimento
o qui o baldono guardô
meus meste a istrada e o vento
quem na vida me insinô
vô me alembrano na viage
das pinura qui passei
daquelas duras passage
nos lugari adonde andei
Só de pensá me dá friage
nos sucesso qui assentei
na mia lembrança
ligião de condenados
nos grilhão acorrentados
nas treva da inguinorança
sem a luiz do Grande Rei
tudo isso eu vi nas mia andança
nos tempo qui eu bascuiava
o trecho alei
tô de volta já faiz tempo
qui dexei o meu lugá
isso se deu cuano moço
qui eu saí a percurá
nas inlusão que hai no mundo
nas bramura qui hai pru lá
saltei pur prefundos pôço
qui o Tioso tem pru lá
Jesus livrô derna d'eu môço
do raivoso me paiá
já passei pur tantas prova
inda tem prova a infrentá
vô cantando mias trova
qui ajuntei no camiá
lá no céu vejo a lua nova
cumpaia do istradá
ele insinô qui nois vivesse
a vida aqui só pru passá
nois intonce invitasse
o mau disejo e o coração
nois prufiasse pra sê branco
inda mais puro
qui o capucho do algudão
qui nun juntasse dividisse
nem negasse a quem pidisse
nosso amô o nosso bem
nossos terém nosso perdão
só assim nois vê a face ogusta
do qui habita os altos ceus
o Piedoso o Manso o Justo
o Fiel e cumpassivo
Siô de mortos e vivos
Nosso Pai e nosso Deus
disse qui havéra de voltá
cuano essa terra pecadora
marguiada in transgressão
tivesse chea de violença
de rapina de mintira e de ladrão

Poética do Eremita



No deserto,
estão secas,
as pedras,
que no mar se molhavam
A semelhança confunde
o eremita
Que solitário demais
passou o tempo
entregando-se à solitária memória

Aqui, a pedra seca
para o eremita,
não perdeu
A qualidade húmida
de poder
ter estado ao pé do mar

Autor: Fiama Hasse Pais Brandão

      
Agora na voz de Adriana Calcanhoto: http://www.youtube.com/watch?v=5P3kOV0I7lw

+ Casimiro de Brito - Via Sacra

Nada existe a mais nem de menos
Quando as águas do corpo se rompem
Ou no ar a transparência se descose

Nada existe que me falte ou pertença
Quando a terra floresce o mar ondula
E nela me perco e no mar encontro

A paz e repouso de quem foi homem
De quem foi a doença deste mundo
Em que nada existe nem sequer a morte.
                       

Movimento de Casimiro de Brito

Vou para muito longe
Mas deixo a casa arrumada.
O vento acalmou? As folhas
Não deixaram de tombar.

E vão comigo e somos
A sombra em movimento:
Levados pela chuva,
Polidos pelo vento.

A luz da meia-noite
Brilha mais fundo? A casa
Deixo arrumada
Antes da próxima viagem.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Achados na net

      Essa coisa de se perder na net em domingos de chuva costuma dar ótimos resultados. Ou talvez eu tenha faro, feeling, como diz minha irmã, pra pescar na net. Divulgo para vcs amantes da poesia o belíssimo trabalho de Eduardo Tornaghi, quixote carioca contra os moinhos da ignorância intelectual e do vazio estético. O cara largou tudo do brilho da TV  para distribuir poesia pelo Rio. O blog é o Papopoético: http://papopoetico.blogspot.com/ .
   Tem tb o Rio de Poesia em parceria (me parece) com Marcus Vinícius Quiroga. O link é: http://riodepoesia.blogspot.com/
   Aproveitem.
   Performances com trechos de Pessoa/Caeiro, tiro certo no meu querer poético:
http://www.youtube.com/watch?v=zh9KLe3RhQg&feature=player_embedded
http://www.youtube.com/watch?v=z7fI8o4Fb2g&feature=player_embedded

Um filme numa tarde

   
         Hoje, ao final da tarde, resolvi ir à padaria. Estava precisando de um bom café mineiro numa tarde fria, com chuva e, após, ter dado um monte de telefonemas por conta de problemas cotidianos com a obra da minha casa.
     Do lado da padaria fica uma locadora, pequena e simples, de bairro, com muito filme de circuito comercial e muito filme de domingão em família, por isso q pouco a frequento. Mas me deu uma vontade de fechar a tarde com um filme leve e divertido para descansar a cabeça. Foi aí que me deparei com "Mais estranho que a Ficção". Eu realmente estava com uma mão santa para filmes. Acertei em cheio.
    O filme é construído sobre um conflito entre um personagem e sua criadora. Um texto de metaliteratura até porque, além de cobrir esse conflito, o faz de uma forma muito lírica. O filme é leve, com cenas hilárias e outras muito tocantes. Casou em cheio com meu café mineiro e minha tarde fria e chuvosa. Recomendo.

Título original: (Stranger than Fiction)
Lançamento: 2006 (EUA)
Direção: Marc Forster
Atores: Will Ferrell, Emma Thompson, Dustin Hoffman, Queen Latifah, Maggie Gyllenhaal.
Duração: 113 min
Gênero: Comédia

Sinopse
Certa manhã Harold Crick (Will Ferrell), um funcionário da Receita Federal, passa a ouvir seus pensamentos como se fossem narrados por uma voz feminina. A voz narra não apenas suas idéias, mas também seus sentimentos e atos com grande precisão. Apenas Harold consegue ouvir esta voz, o que o faz ficar agoniado. Esta sensação aumenta ainda mais quando descobre pela voz que está prestes a morrer, o que o faz desesperadamente tentar descobrir quem está falando em sua cabeça e como impedir sua própria morte.


 
Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=y0T3N24lJ4s

domingo, 8 de janeiro de 2012

Memórias de menina cantadas no Boitempo

MATAR
Aprendo muito cedo
a arte de matar.
A formiga se presta
a meu aprendizado.
Tão simples, triturá-la
no trêmulo caminho.
Agora duas. Três.
Milhares de formigas
morrendo, ressuscitam
para morrer de novo
no ofício a ser cumprido.
Intercepto o carreiro,
esmago o formigueiro,
instauro, deus, o pânico,
e sem fervor agrícola,
sem divertir-me, seco,
exercito o poder
de sumário extermínio,
até que a ferrroada
na perna me revolta
contra o iníquo protesto
da que não quis morrer
ou cobra sua morte
ferindo a divindade.
A dor insuportável
faz-me esquecer o rito
da vingança devida,
já nem me acode o invento
de supermortes para
imolar ao infinito
imoladas formigas.
Qual outra pena, máxima,
poderia infligir-lhes,
se eu mesmo peno e pulo
nesse queimar danado?
Um deus infante chora
sua impotência. Chora
a traição da formiga
à sorte das formigas
traçada pelos deuses.

Entrevistas com Bráulio Tavares

   

http://www.youtube.com/watch?v=4I8rPeroz9w&feature=related  
http://www.youtube.com/watch?v=vYjigyTQ49k&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=fXxxVoLZmHo&feature=related

sábado, 7 de janeiro de 2012

Das relações humanas no sec. XXI (aquele que era para ter sido, mas parece q não vai ser)

Então um bate à porta do outro
Num movimento puro de aproximação,
Em oferta sentimentos ancestrais de bem querência.
Mas o outro,
Assustado com o som da campainha,
Esconde-se no cômodo mais escuro,
Mais fundo.
Acocora-se a um canto
Repleto de medo do q seja aquela oferta,
Pleno de medo de querê-la mais q tudo nessa vida.
Para sustentar sua atitude,
Mil outros que lhe dizem, cotidianamente,
Para ter cuidado supremo com atitudes ingênuas
De qualquer um que se mostre livre de intenções
Porque, afinal, neste mundo não existe ninguém livre de intenções
(nem este q lhe aconselha, mas isso é um detalhe).

Então, o outro permanece à porta.
Poderia arrombá-la,
Forçá-la até que a fechadura se rompesse.
Tem força pra isso.
Entretanto, não seria a mesma coisa.
Não seria verdadeiro,
Como alguém abrindo a porta,
Sorriso largo,
Coração em festa.
Mas não. Isto não existe.
O amor puro é coisa de ficção,
Só existe nos livros ou telenovelas.
Só um idiota acreditaria nele.

E o idiota continua lá fora,
O vento frio na cara,
A esperar que sua utopia
Brote no coração do dono da casa.
Vai morrer de esperar
Ou parar num hospital
Com mais de quarenta de febre
E o pulmão infeccionado.

A vida, hoje, é pragmática.
                              Fernanda Meireles


http://www.youtube.com/watch?v=XDGslRy2lPI 
Dreamer, dreamer
Like a foul I thought
That it could be
Dream on, dream on,
So that someone
Will understand me
What do I say
When I fell to much
I think by now
I’m wasting time
I’m going
Oh, Lord I’m gone
You are the essence
Of my mind
Lord dreamer
I’m a dreamer
Like a foul I thought
That it could be
Dream on, dream on,
Sure that someone
Someone will understand me

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A dançarina andaluza





João, o engenheiro das palavras

Documentário sobre João Cabral nos dez anos de sua morte:

http://www.youtube.com/watch?v=XvxWkAVVl-k&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=KCzGatTHnTc&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=cnvQWu1D9Y4&feature=endscreen&NR=1

Tauromaquia - Picasso




No diário de tudo, João Cabral - o homem sem alma

             Eu iria escrever  sobre a leitura do livro "João Cabral de Melo Neto: o homem sem alma", do jornalista e escritor José Castello, mas encontrei na net uma sequência de vídeos com uma entrevista com o autor sobre a construção do livro, bem como de sua amizade com o poeta. Então, deixo vcs com José Castello:
http://www.youtube.com/watch?v=QxtlRK5S0NU
http://www.youtube.com/watch?v=SU2zWpXid5s 
http://www.youtube.com/watch?v=sPzNUTIFxo0 
http://www.youtube.com/watch?v=k-TjoQOc6p0



Chico lê "O profissional da memória", poema do livro "Museu de tudo", de João Cabral de Melo Neto,  para o projeto Encontros inspiradores, dO Globo, para a Bienal do Livro 2011 do Rio de Janeiro.

http://www.youtube.com/watch?v=FvSOLgu-reY&feature=related

Berlin 1982

         Em fotos, a leitura do livro "O verde violentou o muro", de Ingnácio de Loyola Brandão. Nele o autor relata sua estadia de um ano e meio em Berlin entre 1982 e 1983. Mais que um relato de uma cidade, o livro é um relato de uma época a partir de seu centro, de seu coração. O mundo da década de 80 nascia em Berlin. Está tudo lá: a guerra fria, a sociedade capitalista, a sociedade comunista, os movimentos alternativos, anarquistas, o pacifismo, o movimento ecológico, dos direitos civis,apolíticos, culturais, a música eletrônica, new wave, rock, punk... Tudo relatado e analisado por um olho latino-americano que, a momento a momento, pára e olha de lá pra cá e daqui para lá, pensando o país dentro daquele cenário todo. O livro me surpreendeu porque, de início, não era o que eu esperava - uma narrativa fantástica ao estilo do autor, mas de cara me prendeu bela belísima retratação de uma época, pra mim, muito significativa. A leitura do livro foi tb uma releitura de uma época da minha vida em que eu começava a olhar para o mundo e discordar de muita coisa. Berlin tinha me alcançado.

A divisão da Alemanha:


O muro:


O Portal de Brandenburgo:


Os jovens:




O símbolo dos Squatters (movimento alternativo de ocupação de residências contra a especulação imobiliária):


Prédio ocupado, dentro do qual se organizavam, comunidades alternativas (ecologistas, anarquistas e pacifistas):


Manifestações contra a ocupação e a militarização do país. Foto de manifestação contra o presidente americano Ronald Reagan:


Petra Kelly, a fundadora do Partido Verde Alemão:

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Leituras de passagem

    Nesta virada 2011/2012, li três livros. Dois do Ignácio de Loyola Brandão e uma antologia poética do português Casimiro de Brito.
   Do primeiro autor, li uma coletânea de contos e a (pluri)narrativa Dentes ao Sol. Bom... o que dizer desse meu reencontro há tanto adiado com Ignácio de Loyola Brandão? Primeiro q foi uma coisa, um desafio q me coloquei motivado pelo primeiro impacto q tive ao começar a ler "Não verás país nenhum". Comprei o livro há muito tempo, há mais de cinco anos, num sebo aqui de JF e comecei a lê-lo, mas a narrativa me angustiou profundamente. Larguei-o. Eu ainda não estava preparada para eles (o livro e o autor). Agora estou frente a frente. E o que tenho a dizer?  Ignácio de Loyola me surpreende porque desafia a minha lógica. Eu, geminiana, cultivada no racionalismo, buscando deixar tudo explicado numa geometria perfeita, lutando severamente contra qqr coisa q desafie a harmonia das esferas, num arroubo muitas vezes arrogante, me inquieto, me sinto desconfortável com as narrativas q beiram o fantástico, mas que, ao mesmo tempo, têm tanto chão, têm tantas possibilidades de ser, quase-ser ou não-ser. Engraçado que no início da faculdade fui apaixonada pela literatura fantástica hispanoamericana, mas elas jamais me deixaram assim no gume da factualidade, semifactualidade ou contrafacutalidade.
       Me sinto tão estéril, quer dizer,  a leitura das obras dele me deixam com a forte sensação de q o racionalismo é tão estéril e restrito. Me pergunto: como ele consegue imaginar essas coisas todas, criar essas histórias e narrá-las  tão bem, deixando o leitor na dúvida sobre q ponto de vista era o dominante, ou seja, com quem estava a verdade da narrativa? Foi essa a pergunta q me fiz, quando, no domingo, terminei Dentes ao Sol. Fazendo um trocadilho, acho q fiquei com meus dentes ao sol, com aquele meio-sorriso de quem não sabe a lógica da piada, um misto de frustração  e  curiosidade, com os olhos ardendo por causa da luminosidade.
        Ainda há muito chão pela frente. Tem "O verde violentou o muro", o dito-cujo do "Não verás país nenhum" e o" Zero" (q vou comprar na net). Vamos ver os próximos posts, pelos quais até eu mesma estou curiosa por saber que texto esses textos vão produzir em mim. De uma coisa tenho já tranquila certeza. Terei de voltar a Ignácio de Loyola Brandão mais algumas vezes na minha vida. A leitura final dele  vai ser coisa difícil de construir, vai exigir muitos exercícios de geometria euclidiana ou, então, na melhor das hipóteses me fará compreender a geometria pós-euclidiana, mais afinada com a teoria do caos. Talvez eu seja mesmo muito newtoniana. Há um muro há ser violentado.
        
    Agora vamos ao Casimiro de Brito. Comprei o livro no meio do ano de 2011, num rompante de 400 reais na Livraria Liberdade aqui de JF. Dentre os outros que ficaram por trazer, eu o escolhi pelo prefácio Ildásio Tavares que menciona a influência oriental na poesia de Casimiro de Brito. Então, levei -o para casa para verificar como no autor se dá essa influência.
     Ao lê-lo, nesses dias, percebo que na sua poética a literatura oriental age como um grande depurador das sensações e sentimentos ocidentais e, mais especificamente, lusitanos. A terrinha e seu encanto pelo sentir o mundo de diversas maneiras. Pessoa já abordou muito bem isso nos seus estudos da alma portuguesa. Tá lá é só ler.
      A influência oriental e, principalmente, a japonesa tira da obra o peso negro das sensações brutas e dos sentimenos densos, tornando mais leves a água, a lava, a terra, as liquidezas e espessuras que perpassam os versos do poeta. Transfigura-as na transfiguração do bardo.
   Outro aspecto muito belo nos versos de Casimiro de Brito, pelo qual ele é muito conhecido, é o erotismo. O poeta canta seu corpo e o corpo da amada de forma bela, pura e carnal ao mesmo tempo. Me remeteu a amores gregos, a corpos edênicos, a qqr coisa ao sul do equador.
      Mais do que uma compra, foi um encontro com alguém que  ritualiza o universo, o mundo e o corpo pelas mesmas litanias  que me são caras. Foi alma com prazer, com mar, com lava, com terra em cânticos pagãos. Alguns poemas:

Meus pensamentos são nómadas
e vagarosos
como a água que vem da montanha
e não sabe nada
do coração dos homens. O meu, por exemplo,
tem a leveza do vento
e corre para casa como se fosse
um cão que precede
os passos do dono.

    xxxxx

Entro no teu corpo árvore
felina
como quem visita um templo
vegetal uma ilha impregnada
pelas especiarias mais raras
do sol e do mar. Ascendo em bocas
que bebem a minha seiva em dunas
que me lavam e queimam
humildes. Armas tão frágeis
as que temos: o mel a saliva o
sémen. Caminho
na luz obscura
com as mãos vazias
de quem nasce de novo. 

   xxxxx 

O POEMA
Poemas, sim, mas de fogo
devorador. Redondos como punhos
diante do perigo. Barcos decididos
na tempestade. Cruéis. Mas de uma
crueldade pura: a do nascimento,
a do sono, a da morte.

Poemas, sim, mas rebeldes.
Inteiros como se de água, e,
como ela, abertos à geometria
de todos os corpos. Inteiros
apesar do barro e da ternura
do seu perfil de astros.

Poemas, sim, mas de sangue.
Que esses poemas brotem do
oculto. Que libertem o seu pus
na praça pública. Altos, vibrantes
como um sismo, um exorcismo
ou a morte de um filho.

    xxxxx 

Cidade caótica —
A borboleta atravessa a rua
Com o sinal vermelho.

Home Sweet Home

Minha casa quase pronta já: