sábado, 27 de abril de 2013

outono

          É outono, um frio devagar e claro de lua faz a noite recoberta de infinito silêncio. E de repente sinto despontando tímida e discreta a vontade de escrever. Vontade sumida, vontade em silêncio, pela qual, volta e meia me pergunto, mas não me cobro. Ela é o q há de mais livre em mim porque deve ser o mais verdadeiro, o mais  íntegro e o mais belo.
        E de repente no meio da tarde, ela me deu um alô assim um pouco distante, a meia voz, mas já se fazendo notar.
        Com ela, como sempre, vem um monte de outras coisas, vozes e imagens a exigir uma alquimia q pode me custar caro. Não importa, desde muito cedo eu paguei todos os preços, empenhando até o que me era mais caro.
      Eu vim aqui para o teste da vida, para a prova-dos-nove, para, no final, pagar o último preço: eu mesma. Não me importo: eu sou nada, eu sou absolutamente, nada, livre de qqr forma. Estrela explodindo na cara do universo. No fim, só a rosa solar, dourada, em pura luz.
     Eu, uma quimera de um deus-menino numa tarde de outono brincando com bolinhas de gude, atirando pedrinhas ao longe, só pelo prazer de atirar. A plenitude da minha alma é ser a gargalhada desse deus-menino no meio da tarde, no meio do nada, dentro de mim.