terça-feira, 29 de abril de 2014

Perto de um coração selvagem

                Ando lendo a intervalos, entre uma atividade de sala de aula, entre uma escola e outra, Perto do Coração Selvagem, livro de Clarice Lispector q eu ainda não tinha lido. Mais uma vez, Clarice serve como divisa pra coisas e tempos q vivo. Tocando neste coração selvagem, um outro em mim pulsa mais forte. Uma fenda no que sou se alarga, dando passagem a possibilidades de ser que pulsavam em silêncio nas negras sombras do meu não-ser. Fronteiras que se dissolvem num contínuo de existência assim atemporal, mas num instante-já. O grande sertão dentro da gente, como dizia Guimarães Rosa, que é em essência o q verdadeiramente somos. Deixo trechos do livro e um link com uma leitura.

“E foi tão corpo que foi puro espírito. Atravessou os acontecimentos e as horas imaterial, esgueirando-se entre eles com a leveza de um instante.”

“As coisas principais assaltavam-na em quaisquer momentos, também nos vazios, enchendo-os de significados.”


“O silêncio se prolongava à espera do que pudessem dizer. Mas nenhum dos dois descobria no outro o começo de uma palavra. Fundiam-se ambos na quietude.”

"...tu és um corpo vivendo, eu sou um corpo vivendo, nada mais. (...) cada um com um corpo, empurrando-o para frente, querendo sofregamente vivê-lo."



O link: http://www.youtube.com/watch?v=_tKjbkYoi1E

domingo, 6 de abril de 2014

                A grande luta da árvore é continuar produzindo seiva sob um inverno cáustico e violento. Por isso as cascas... Vão se td, folhas, flores e até alguns frágeis galhos... e então ela se permanece porque grossas cascas estão ali e dentro dela, bem no centro, um veio de seiva ainda corre. E td q ela pede é q a primavera não tarde. E td que ela pede é q a primavera arda em sol, em vida.



sábado, 5 de abril de 2014

outro destitulado

Primeiro: eu não tenho medo de merda nenhuma;
Segundo: Aprendi a sorrir pra não me encherem o saco;
Terceiro: to de saco cheio de td.

(sem título)

        Faz uns dias q eu ando assim... longe do mundo. E agora, como um raio, me caiu a percepção de que esse tipo estado me foi sendo construído ao longo do tempo, na sucessão de caminhos dessa minha estada aqui. E aí eu percebo q esse planar me traz algumas coisas q só hj, só nesse momento compreendo. Hj percebo como sou difícil de ser capturada, embora queira absurdamente sê-lo. Queria um vínculo assim  q me prendesse a um estado, a uma situação, a algo q me fizesse querer descer pra descansar as asas. Sinto-me, absurdamente, como um navio a deriva no alto-mar e isso não me assusta, não me alegra, é algo q eu sou, apenas isso. Pra mim tanto faz. E não é pra isso q se está por aqui.
      Então me surge essa sede... Sedento ser em vôo, cansado de céu... mas sem nada que o prenda em gozo ao chão. E eu aqui escutando Rolling Stones, desejando algo que me bata na veia, numa overdose de vida que me liberte de mim mesma.
      É... essa sede foi se acumulando e me deixando cada vez mais longe de tudo que é meia medida, com cansaço de tudo q é bom senso. Td por um terremoto q me tire a solidez, td por um vento ensandecido q me bloqueie as asas. Conheci alguém q disse q queria morrer com um meteoro,  um cometa, algo assim lhe explodindo no meio do peito. Eu não quero morrer assim, eu quero viver assim. Onde há vida nesse mundo?
                                                                               Fernanda Meireles, 05/04/2014

Pra fechar, um rolling stones: https://www.youtube.com/watch?v=B51A6bcMeDY