"Por vezes, no meio da vida, subitamente
Surge uma mudança como uma aberração,
Um senso de vazio, enorme e diferente,
E uma vaga e profunda desolação.
Um senso de vazio, enorme e diferente,
E uma vaga e profunda desolação.
Uma sensação de ser deixado só
E mais que abandono é o seu sentido
(...)
É uma sensação de quase ter morrido.
E mais que abandono é o seu sentido
(...)
É uma sensação de quase ter morrido.
Morto e consciente, é estranho dizer.
Uma vertigem da própria razão,
Uma agonia vaga e definida
De algo sufocado em aflição."
Uma vertigem da própria razão,
Uma agonia vaga e definida
De algo sufocado em aflição."
"Febo há muito desceu no Ocidente
Por trás dos montes de rosa tingidos;
Eu, sofrendo, cerro os olhos doridos
Olhando o mundo que ante mim se estende.
Por trás dos montes de rosa tingidos;
Eu, sofrendo, cerro os olhos doridos
Olhando o mundo que ante mim se estende.
Pois pela noite o rio silente desce,
Oculto no escuro já voa o morcego;
Mas, nocturna, a alma não tem sossego,
É na escuridão que meu horror cresce.
Oculto no escuro já voa o morcego;
Mas, nocturna, a alma não tem sossego,
É na escuridão que meu horror cresce.
Odeio a noite que a mim se assemelha,
Só que em mim, nem astro ou centelha
Dispersa as nuvens da alma e da mente.
Só que em mim, nem astro ou centelha
Dispersa as nuvens da alma e da mente.
Mas como a noite em seu manto sombrio,
Calado e escondido me quedo no frio,
Envolto em dúvidas e delas temente."
Calado e escondido me quedo no frio,
Envolto em dúvidas e delas temente."
Gosto muito dessa foto de Pessoa. O olhar divisa abismos pelos quais é necessário se lançar e, solitário, o ser precisa se recriar. Para alguns, a noite é sempre maior.
Fernanda Meireles, 12/01/2014
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