sábado, 21 de novembro de 2009

em pane direto pro oceano

Eu nua
Com os cabelos longos
Pelas costas afora
Escutando wally e adriana
Caminho pelo apartamento
Os bons não se curvam
Rei rainha
Tresloucada pelas curvas de mim
Porque a reta é torta
Em se tratando de mim
Tiro um fino com o destino
No meu desatino
Mimetizo a dança da estrela
Hei, hei,
É o jogo no redemoinho
Na lua tonta
Perdida em ser crescente sempre
Insônia
Ponho gargalhadas nos meus passos
A poesia em pane
Me chamusca

FMeireles - Litterofagia: escritas poéticas

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

o meu tejo



hoje olhando pra essa foto, lembrando-me da minha adolescência sentada em silêncio às margens desse rio, penso no guimarães e vejo que o que me ficou realmente foi a terceira margem, aquela que, às vezes, me assombra em sonhos com suas enchentes fortes, cujo som eu ficava quieta no quarto a escutar. na madrugada eu acompanhava com o meu silêncio respeitoso imaginando se suas águas já tinham tomado a estrada. já no inverno suas águas corriam mansas e era certo me encontrar sentada nas pedras da margem perto da moita de bambus, com os pés dentro d'água, em completo silêncio, a escutá-lo, que dessa vez falava baixinho. minha tia dava por minha falta demorada e já começava a falar: já está ela na beira do rio e não sabe nem nadar. mas eu não tinha medo do rio, nunca pensei que algo pudesse me acontecer. esse rio manso também me aparece nos sonhos, límpido e forte. de tudo do lugar, das pessoas, dos acontecimentos, de toda a vida vivida ali, só o rio me ficou. sua/minha terceira margem doce ou feroz me prende num navegar eterno. margem a margem de mim. o meu tejo é belo.
Fernanda Meireles, 19.11.2009

um da bruna lombardi

Uma mulher

Uma mulher caminha nua pelo quarto
é lenta como a luz daquela estrela
é tão secreta uma mulher que ao vê-la
nua no quarto pouco se sabe dela
xxxxxxxxa
cor da pele, dos pêlos, o cabelo
o modo de pisar, algumas marcas
a curva arredondada de suas ancas
a parte onde a carne é mais branca
xxxxxxxx
uma mulher é feita de mistérios
tudo se esconde: os sonhos, as axilas,a vagina
ela envelhece e esconde uma menina
que permanece onde ela está agora
xxxxxxxx
o homem que descobre uma mulher
será sempre o primeiro a ver a aurora.

mais outro do meu livro

o senho do labirinto

Arthur Bispo do Rosário
o senhor do labirinto
fios de ariadne
pelos caminhos do si mesmo
egominotauro
contraface de teseu

terça-feira, 17 de novembro de 2009

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Apocalíptico

99942 apophis

Objeto móvel no escuro
De mim.
Matéria sólida
E invisível.
Portador
Da morte e ressurreição
Da minha voz.
Palavra,
Pedra cabralina
Em órbita de colisão
Com a efemeridade
Das personas
Do teatro egóico -
Morte, música, silêncio.
FMeireles, 14.11.2009

sábado, 14 de novembro de 2009

uma flor...

KIKYO
é uma flor japonesa azul
guardada por uma sibila velha -
minha tia -
para o jardim
da minha casa nova.
Fernanda Meireles, 14.11.2009

domingo, 8 de novembro de 2009

homenagem a camille claudel

camille

força motriz
insubstanciada
e insubstanciável.
a força em busca
dolorosa e
apaixonada
da forma.
luz consubstanciada
na matéria
pétrea.
volúpia de vida
a caminho da morte.
tudo em um átimo
de existência.
tão rápido
e belo
daimon cortando o céu.

um do piva

Que você conheça o relâmpago
chamado mundo sombrio
Estremecendo na folha do seu
coração
Que você conheça este relógio sem nuvens
chamado morte
dependurado no planeta
como volúpia secreta
Que você conheça manguezais
& realidades não-humanas
que são a essência da Poesia
Que você conheça o sussurro do Sol
Na água ferruginosa dos seus olhos.
Roberto Piva

sábado, 7 de novembro de 2009

big bang egóico


danação do poeta

(a título de introdução)
adélia prado em anunciação ao poeta fala da fome incansável da boca enorme que habita o poeta danação divina presente aos miseráveis que quiseram ver mais do que podiam castigo eterno que leva a um banquete autofágico delirante oroboros vivenciado diariamente desejo de morte clamor de paz voz emudecida pincel bruto nada traduzem e o corpo explode em sangue haraquiri de um samurai vencido pela sua finitude pequenez desejando o incognoscível danação danação danação mísero e bruto ser explode que a morte é o maior gozo