terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A mulher que vomitou Deus


Helen Martins, uma sul-africana que encontra sua forma de expressão por meio da escultura. Helen Elizabeth Martins, foi artista outsider, produziu uma arte não convencional. Nasceu em 1897 e morreu em 1976. Nascida e criada em uma pequena comunidade branca da África do Sul, no meio do deserto, Helenfoi uma mulher de costumes conservadores e culto obrigatório da fé protestante. Um dia, ao descobrir nunca ter amado o bom homem com quem foi casada, abandona a igreja dos domingos porque deixou de crer e, ao ficar viúva, encontra em suas mãos de escultora o caminho de sua liberdade pessoal e a felicidade de criar sua "Meca".
No vilarejo onde vivia, Helen torna-se motivo da incompreensão, do desprezo e da hostilidade dos vizinhos. Vivia suja, maltrapilha e, frequentemente, com as mãos dilaceradas em razão do cimento e do vidro moído, materiais utilizados por ela pra fazer suas esculturas. Ela era a louca do lugar, o medo das crianças e o fantasma dos adultos. Sua existência incomodava. A incompreensão levou-a ao suicídio. Para morrer, Helen ingeriu o mesmo material de suas esculturas.
Helen viveu um ritual de exorcismo, purificando-se do cristianismo que a intoxicara, invadira-a e a silenciara por toda a vida. Ela vomitou Deus. As corujas, símbolo do conhecimento, parecem, às vezes, crucificadas. Os olhos das esculturas demonstram terror. O terror que ela vivera em vida, sempre à sombra da cruz e do pecado.
Athol Fugard, um dos dramaturgos mais importantes da língua inglesa na atualidade e inédito no Brasil, conta a história dessa mulher que vomitou Deus na peça O CAMINHO PARA MECA, encenada no Brasil com brilhantismo por Cleyde Yáconis.




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