quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O Gabinete do Dr. Caligari

Um clássico do cinema: “O Gabinete do Dr. Caligari” (1920), de Robert Wiene, considerado o melhor filme de horror do primeiros anos do cinema. Divirtam-se.

http://www.youtube.com/watch?v=ALqnSUMHPrA&feature=player_embedded

Compartilhando achados

A USP, através da sua biblioteca Brasiliana, está disponibilizando obras de literatura em formato digital. Acessem e  façam a festa. Abaixo, segue o link para baixar as edições da Revista Klaxon, berço do concretismo brasileiro:
http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/62 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Malas na mão

Tô de férias. Quero meus dias assim, bem no espírito do Piva abaixo: sapatos na mão  e pé na estrada. Terra... terra... quero terra. E uma estrada por onde caminhar descalça, livre, sem hora. Se possível debaixo de um fiapo de lua bem bonito, todo ornado de estrelas. O céu da Serra da Beleza, silencioso, denso, lindo. Hoje, é tudo que quero da vida.

eu caminho seguindo
o sol
sonhando saídas
definitivas da
cidade-sucata

isto é possível
num dia de
visceral beleza
quando o vento
feiticeiro
tocar o navio pirata
da alma
a quilômetros de alegria

domingo, 19 de dezembro de 2010

Visitas ao dicionário

pergamináceo

Datação:  1886
Acepções
■ adjetivo
1 que apresenta aspecto semelhante ao do pergaminho
2 que é feito de pergaminho

Etimologia: pergaminho sob a f. rad. pergamin- + -áceo adj.

     Parece nome de planta, mas é relativo ao pergaminho - pele de cabra preparada para servir de suporte à escrita.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Outro canto de Jorge Benjor - bem candomblé

Os Mentes Claras
Jorge Benjor

Hoje vai baixar
Vai baixar, vai baixar, vai baixar
 Hoje vai baixar Xangô
Vai baixar Rompe Mato
Vai baixar Ogun Nagô

Iara, Iara também vai baixar
Diana caçadora também
Janaina também vai baixar ahhh
Vovó Maria também

Mas só pode entrar na congada ahhh
Quem tem a cabeça feita
A mente, a mente clara ahhh
E muito boa fé

Um pedra rolante
Um espiritual pacificador
E no coração
Carinho e muito amor
oohhhh oohhhhhh

Hoje vai baixar Xangô
Vai baixar Rompe Mato
Vai baixar Ogun Nagô

Iara, Iara também vai baixar
Diana caçadora também
Janaina também vai baixar ahhh
Vovó Maria, Vovó Maria também

Mas só pode entrar na congada
Quem tem a cabeça feita
A mente, a mente clara ahhh
E muito boa fé
Um pedra rolante
Um espiritual pacificador
E no coração
Carinho e muito amor
oohhhh oohhhhhh

Hoje vai baixar
Hoje vai baixar
Vai baixar, vai baixar
Vai, vai vai vai vai vai vai vai vai vai vai

Hoje vai baixar
Hoje vai baixar
Hoje vai baixar
Vai, vai vai vai vai
Vai, vai vai vai vai Vai, vai vai vai vai...
Saravá, meu pai, saúde e felicidade pra todos.
Se quiser escutar:
http://www.youtube.com/watch?v=vyMa4xuw2qE

Uma canção do solar Jorge Benjor (essa é meu número)

Agora Ninguém Chora Mais
Jorge Ben Jor

 Chorava todo mundo
Mas agora ninguém chora mais
Chora mais, chora mais
Chorava todo mundo
Mas agora ninguém chora mais
Chora mais
ô, ô, ô, ô

Chorava mãe, chorava pai
Na hora da partida
Mas era uma beleza
Em vez de tristeza
Mas era uma beleza
Em vez de tristeza
ô, ô, ô, ô

Chorava mãe, chorava pai
Chorava todo mundo
Mas agora ninguém chora mais
Mas pois o menino voltou
Voltou homem, voltou doutor

Menino que é bom não cai
Pois já nasceu com a estrela
E sempre a mente sã
Menino que é bom não cai
Pois é protegido de Iansã

Chorava todo mundo
Mas agora ninguém chora mais
Chora mais, chora mais

Pra ouvir na performance do Mayanga Project:
0. A, o coração de IAO, habita em êxtase no local secreto dos trovões. Entre Asar e Asi, ele permanece em gozo.
1. Os relâmpagos  aumentaram e o Senhor de Tahuti apareceu. A Voz veio do silêncio. Portanto, o Um correu e retornou.
2. Então Nuit velou a si mesma pra poder abrir o portão de sua irmã.

Amor é a Lei, amor sob vontade.
O sacerdote dos príncipes,
Ankh-f-n-khonsu

Ainda o meu Tejo

     Ontem, sexta, acabei precisando voltar a Valença pra deixar outros documentos pro advogado. Voltei no ônibus das treze. Fazia muito calor. Eu me sentei à janela que dava pro rio pra estar com ele durante todo o trajeto. O vento da janela escancarada refrescava meu corpo e trazia consigo o cheiro da enchente. É, a enchente tem cheiro. As águas barrentas do rio, naquele calor escaldante, tinham lá algo como sua maresia. Esse cheiro vem comigo desde muito. Ele me traz outras coisas que, quando criança, perto da Fazenda Santa Clara, eu ouvi pela primeira vez. O cheiro do rio numa tarde de muito calor me traz lembranças de Iaras e Sacis nunca vistos, mas sempre imaginados. Me dá uma alma de índia. O frescor do vento me faz sonhar com sonolências embaixo de árvores copadas. Sou Mãe d'Água, Janaína, Loreley, sereia branca, alma liberta pelo calor dos trópicos porque, afinal, diz a lenda que não há pecado ao Sul do Equador. Nesse encanto, o rio me adormeceu, tomou minha alma. Tornou-me barrenta, de alma fértil.

Visitas ao dicionário

perfunctório
Datação: 1708
Acepções
■ adjetivo
1 que se faz de modo rotineiro, em cumprimento de uma obrigação
2 que tem pouca utilidade; ligeiro, superficial

Etimologia
lat. perfunctorìus,a,um 'leve, ligeiro, superficial'; ver fun(t)-; f.hist. 1708 perfunctoriamente, 1772 perfunctório; datado a partir do adv.

         A palavra é feia, pesada. Para mim sua sonoridade nada diz de seu signficado, foi uma surpresa.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O meu rio

      Hoje fui a Valença (RJ) levar pra minha tia um documento do inventário do meu pai que corre no fórum de lá. Pegar a estrada pra lá é sempre uma oportunidade de rever o Rio Preto. E ele estava no auge da sua força por conta das últimas chuvas. As ilhas bastante tomadas, as águas revoltas por causa das pedras do leito, a água barrenta. Pra quem mora por perto pode ser comum ou perigoso, pra mim, me dá uma paz... Fiquei imaginando um monte de aquarelas como aquelas gravuras produzidas pelos japoneses... A sua presença me traz silêncio também, silêncio e respeito por tanta força de vida. As águas são sempre sábias.

domingo, 12 de dezembro de 2010

outro do van gogh

Van Gogh e sua luta por capturar a luz, deixá-la ali no quadro, presa, a nos encantar e hipnotizar, como fez com ele e pela qual pagou com a vida. A luz mata. Dos três inimigos poderosos do homem que busca, segundo Don Juan de Carlos Castañeda, ela é o segundo mais poderoso. Pra mim é o principal. Perigo meu é  morrer como mariposa. O que seria uma boa morte, pelo menos justificável.

Poema em Linha Reta com Osmar Prado

http://www.youtube.com/watch?v=uElwCENBDJQ

sábado, 11 de dezembro de 2010

Eros & Psique - Poema de Fernando Pessoa

http://www.youtube.com/watch?v=p3mBdkx56l4&NR=1&feature=fvwp

Bethânia canta Pessoa e Sophya Breyner

http://www.youtube.com/watch?v=x8jEUxHD7xk&NR=1

+ FPessoa

Meu pensamento é um rio subterrâneo.
Para que terras vai e donde vem?
Não sei... Na noite em que o meu ser o tem
Emerge dele um ruído subitâneo

De origens no Mistério extraviadas
De eu compreendê-las..., misteriosas fontes
Habitando a distância de ermos montes
Onde os momentos são a Deus chegados...

De vez em quando luze em minha mágoa,
Como um farol num mar desconhecido,
Um movimento de correr, perdido
Em mim, um pálido soluço de água...

E eu relembro de tempos mais antigos
Que  a minha consciência da ilusão
Águas divinas percorrendo o chão
De verdores uníssonos e amigos,

E a ideia de uma Pátria anterior
À forma consciente do meu ser
Dói-me no que desejo, e vem bater
Como uma onda de encontro à minha dor.

Escuto-o... Ao longe, no meu vago tacto
Da minha alma, perdido som incerto,
Como um eterno rio indescoberto,
Mias que a ideia de rio certo e abstracto...

E p'ra onde é que ele vai, que se extravia
Do meu ouvi-lo? A que cavernas desce?
Em que frios de Assombro é que arrefece?
De que névoas sorturnas se anuvia?

Não sei... Eu perco-o... E outra vez regressa
A luz e a cor do mundo claro e actual,
E na interior distância do meu Real
Como se a alma acabasse, o rio cessa...

Homenagem ao fiapo de lua q tá lá em cima

As janelas

Nestes compartimentos escuros onde passo
dias opressivos, ando para cá e para lá
a fim de achar as janelas - Quando se abrir
uma janela, será um consolo. -
Mas não se acham as janelas, ou não posso
encontrá-las. e talvez seja melhor que não as encontre.
Talvez seja a luz um novo martírio.
Quam sabe que novas coisas ela mostrará.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

WikiLeaks - o preço da liberdade de informação


Leia no link abaixo o texto de Bráulio Tavares em defesa do WikiLeaks. Espero que finalmente entendam o que significa a expressão 'big brother'. Ou como dizia o Raul: falta cultura pra cuspir na estrutura. http://mundofantasmo.blogspot.com/2010/12/2423-wikileaks-e-os-little-brothers.html

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

domingo, 5 de dezembro de 2010

Entrevistacom João Carrascoza

http://www.letraseleituras.com.br/entrevistas/?a=joao_carrascoza

O repentista Bob Dylan

         Toda criação poética é uma oscilação contínua entre o racional e o intuitivo, entre decisões planejadas e coisas que parecem cair do céu. “Toda”, no caso, é um exagero, porque se há milhões de poetas há milhões de poéticas; mas essa regra, que vale para mim, deve valer pra mais gente. Lembrem aquela famosa cena de Sociedade dos Poetas Mortos, em que um dos alunos de Robin Williams diz ser incapaz de escrever versos. Ele manda o garoto ficar de pé e fechar os olhos, manda-o girar sobre si mesmo e ficar dizendo o que lhe vem na cabeça, até que o garoto, que era o mais travado da turma, começa a balbuciar coisas e acaba gritando uns versos bem aceitáveis. Ela larga o garoto e diz no seu ouvido: “Nunca se esqueça disto”.
          Nunca se esqueça de quê? De que a poesia não é necessariamente uma atividade de concatenação entre conceitos abstratos, como o raciocínio filosófico. Ela pode ser, e frequentemente é, uma justaposição de imagens concretas e contraditórias. A arte está em juntar as duas coisas. Em seu livro Positively 4th. Street, David Hajdu descreve como Bob Dylan compôs muitas das canções de seu primeiro disco genuinamente folk-rock, Bringin’ it all back home. Diz Hajdu, citando uma testemunha:
          “Ele espalhava dúzia de fotografias arrancadas de jornais e revistas, arrumando-as no chão, e sentava entre elas com o violão. Começava com uma levada musical simples, um acompanhamento de blues que ele pudesse repetir indefinidamente, e então fechava os olhos. Não copiava as coisas literalmente das fotos, mas usava a impressão deixada por elas como um modelo visual para produzir uma linguagem caleidoscópica. Parecia estar cantarolando qualquer coisa que lhe vinha à cabeça, frases desconexas mas com sentimento poético. Quando surgia algo que lhe agradava, ele rabiscava aquilo às pressas, para não perder o clima, e fazia isso até ter versos suficientes para uma canção”.
            Parece maluquice, mas cada um de nós tem métodos semelhantes. Um dos meus preferidos é ficar rasqueando o violão, cantarolando uma melodia sem letra, escolher um objeto qualquer no ambiente e procurar palavras que rimem com ele. Num instante a letra começa a aparecer. O método de Dylan (e o de Robin Williams) nos lembra que o motor da poesia é o intelecto, mas o combustível é a emoção. Um, sem o outro, não funciona. O intelecto é capaz de ficar uma tarde inteira parado, ponderando um adjetivo, mas quem escreve sabe que precisa botar o motor em movimento. Para isso, uns recorrem ao violão, outros ao uísque, outros a um baseado, outros a uma vida cotidiana insone e caótica que os deixa 24 horas por dia num estado alterado de consciência. Os surrealistas praticavam a escrita automática. Tudo é válido para “passar primeira” e tirar o cérebro da imobilidade. A grande criação literária (para muitos, claro, nada disso se aplica a todo mundo) ocorre na terceira marcha. O problema é chegar lá.

sábado, 4 de dezembro de 2010

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

noite de primavera

no início da noite caiu uma chuva forte
minha irmã chegou em casa encharcada

mas isso poderia ser só uma crônica de primavera
não fosse o silêncio que se instalou depois da chuva
e a brisa fresca, meio fria,
assim deixando minha pele viva e indolente
e então a insônia veio
e com eles
o meu silêncio povoado de silêncios antigos
a noite ficou enorme

uma latinha de cerveja
não foi páreo pra derrubar tudo que flutuava
no rio q sou

o vento me beijava a pele
a janela me abria pra um mundo lavado
e puro

beijei o céu e o espaço circundante

beijei aquele silêncio q me deixava ser o que sou
sem pressa e sem necessidade de respostas

eu me lembrei de caetano
porque fiz essa canção
na esperança de q a manhã nascesse azul

na esperança de q amanhã eu nasça azul
Fernanda Meireles, 02.12.2010