Bom, como minhas asas, desde sempre, se acostumaram a outros vôos, a cidade está na minha medida. Não ouvi sequer o Faustão na TV sempre alta do vizinho, símbolo de domingão em família, sintoma de ausência de diálogo. Bom... deixa para lá.Neste post quero falar dos meus dois vôos do dia: "O volume do silêncio" de Carrascoza e o "Édipo Rei" de Pasolini.
O livro, conforme diz Alfredo Bosi na apresentação, constitui-se de dezessete contos marcados por três exatas palavras: encontro, epifania e silêncio. Já conhecia Carrascoza da internet, mas não havia lhe dedicado ainda o tempo da leitura fluida e prazerosa, coisa q o fiz de ontem para hoje. E é o que eu esperava: uma escrita masculina, mas lírica, cheia de cotidianos retratados com leveza e profundidade, cheia de recantos de silêncios, encontros e epifanias. Fica a certeza de que outros volumes do autor farão parte da minha biblioteca. Para quem quiser conhecer mais o autor deixo o link da entrevista ao Entrelinhas: http://www.youtube.com/watch?v=dnXbLWOaEck.
Quanto ao filme, muito pouco é necessário dizer ao mencionar-se o nome Pasolini. O filme não é a mera recriação da tragédia de Sófocles, mas tem muito da relação do diretor com o ambiente camponês da Itália (onde se passa a narrativa propriamente dita) e tb da sua relação com a mãe, tanto q o filme começa e termina com um Édipo contemporâneo a vagar cego pelas ruas da Itália. O filme vale tb pela aula de cinema como só um gênio como Pasolini poderia dar - a fotografia, o texto, o roteiro, a música...Um link com um trecho em que Édipo/Franco Citti acusa Creonte de querer usurpar-lhe o poder:
http://www.youtube.com/watch?v=JQ8XIkBPdxk.
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