Hoje terminei a leitura do terceiro livro de Simone de Beauvoir da leva q adquiri recentemente. O volume de memórias retrata os anos posteriores à segunda guerra, cobrindo a ascenção de Charles de Gaulle na França, as independências das colônias africanas, a guerra da Argélia e a chegada de Jânio Quadros e de Fidel Castro ao poder aqui na América. Dentre as inúmeras viagens narradas, está a visita dela e de Sartre ao Brasil, siceroneados por Jorge Amado e Zélia Gattai. Foi interessante ver o Brasil retratado assim por olhos estrangeiros, acostumados a conhecer o mundo sob as lentes marxistas e existencialistas. E por incrível q pareça nem esses olhos conseguiram ficar imunes e explicar o candomblé da Bahia!
Mais uma vez, dentro dessas narrativas de memória, o que mais me marcou no texto de Simone de BEauvoir foram seu apego à realidade e a busca constante de ser sempre fiel a si mesma. Fidelidade que não quer dizer egoísmo ou narcisismo, mas uma interrogação constante sobre estar sendo, mesmo naqueles momentos em que o corpo se entregava ao calor tropical de Belém e caía desfalecido, ou quando os olhos se inchavam com a luz de Leningrado. Isto também fazia parte de estar sendo. Não uma neurose que sempre se pergunta motivada por possíveis culpas, mas um confiar absoluto em si, consciente das responsabilidades de existir, dos prazeres a que se pode entregar e das lutas q se tem q travar. Mais uma vez deu o que pensar. Que bom!
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