terça-feira, 13 de setembro de 2011

Memórias de menina cantadas no Boitempo

ANTOLOGIA

Guardo na boca os sabores
da gabiroba e do jambo,
cor e fragrância do mato,
colhidos no pé. Distintos.
Araticum, araçá,
ananás, bacupari,
jatobá... todos reunidos
congresso verde no mato,
e cada qual  separado,
cada fruta, cada gosto
no sentimento composto
das frutas todas do mato
que levo na minha boca
tal qual me levasse o mato.



AQUELE CÓRREGO
Tão alegre este riacho.
Riacho? Gota d'água em tacho,
nem necessita pinguela
para chegar à outra margem.
Um salto: salto a corrente.
É ribeirão de presépio,
é mar de quem nunca viu
o mar, nem prevê o mar.
Tão festeiro, tão brincante
de lambaris rabeando
na tranparência da linfa.
Tão espelho, tão pedrinhas
de luz chispante em arestas.
Que nome ele tem? Não tem
nome nenhum, tão miudinho
ele é. Pois é, qual riacho
qual nada. Ele é mesmo corgo
ou nem isso. É meu desejo
de água que não me afogue
e onde eu veja minha imagem
me  descobrindo, indagando:
Que menino é esse aí?

Que menino é este aqui?
Não sei como responder.
A agüinha treme, trotina
sob o calhau atirado
por meu irmão. Ou por mim?
Melhor é deixar o corgo
brincar de ser rio e ir
passeando lambaris.

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