Hoje foi um domingo ímpar em minha vida. Um dia em q mais claramente ainda vi q meus passos, mesmo q tortos, sempre me guiaram para o caminho onde estou.
Hoje foi um dia para sempre.
Hoje reencontrei Simone de Beauvoir na voz, no porte, na imagem, na luz e no corpo de Fernanda Montenegro.
Hoje assisti ao monólogo Viver sem Tempos Mortos, criado por esta a partir da obra daquela. Não reencontrava a obra de Simone desde os vinte anos, quando li O Segundo Sexo. E o reencontro foi leve, lúcido e profundo, de me deixar por vezes com um meio sorriso na cara, outras vezes com uma meia lágrima nos olhos. E percebi o quanto do texto ficou para sempre marcado na minha trajetória nesses vinte anos q se seguiram àquela primeira leitura. Percebi q mesmo sem o perceber mantive-me fiel ao q o texto fez nascer em mim naquela época. Descobri que mantive-me fiel, mesmo nas minhas incoerências, ao tornar-me mulher, pois segundo Simone, não nascemos mulher, tornamo-nos mulher.
Constatei q a principal pergunta - o que é ser mulher? - mantêm-se viva em mim, produzindo dia a dia novos frutos que são, no seu conjunto, o que eu, verdadeiramente, sou. Libertária, no árduo e contínuo exercício diário de me fazer mulher livre. Porque também a liberdade é uma construção na qual muitas vezes lutamos contra nós mesmos.
No texto de Simone de Beauvoir, na interpretação de Fernanda Montenegro, me reencontrei e me vislumbrei, passado e futuro no momento presente de ser inteira existência.
Pra quem quiser ver nas palavras da própria atriz, uma entrevista para o programa Metrópolis da Cultura:
http://mais.uol.com.br/view/1xu2xa5tnz3h/metropolis--entrevista-com-fernanda-montenegro-04023970D4B92346?types=A
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