domingo, 3 de outubro de 2010

Huxley e a democracia brasileira

         Estou inserindo novamente e atualizando o post sobre o livro "The Devils Of Loudun", "Demônios da Loucura" em português, de Aldous Huxley como uma homenagem a  este dia 03 de outubro de 2010, dia da Festa da Democracia Brasileira. Essa minha homenagem pode parecer bastante irônica ou um contra-senso, entretanto eu quero apenas alertar para um fenômeno que vem crescendo no Brasil, de forma acentuada, sem que ninguém dentre aqueles defensores da democracia e da liberdade  se pronuncie sobre isso. Estou falando da crescente aliança entre religião e política no Brasil, aliança fascista por excelência. Juiz de Fora, nossa  "Manchester Mineira", "cidade da cultura e do trabalho", mostrou na última eleição para prefeito que realmente anda na "vanguarda do progresso estrada afora". Às vésperas do dia da eleição, os jornais da cidade publicaram um manifesto de pastores evangélicos conclamando os eleitores a escolherem um dos  candidatos. O movimento religioso que se formou acabou revertendo o resultado das pesquisas.
      Sabemos que interesses políticos e econômicos se valem de preconceitos e inculcações religiosas para se estabelecerem. Essa semana uma aluna minha, adolescente de 11 anos, disse que a mãe não iria votar na canditada do governo porque o pastor falou isso e aquilo.  Não está em questão a candidata, mas a forma como o voto está sendo obtido: o terror religioso, a doutrinação, como ferramentas políticas. Quando sabemos que existem grupos que fazem qualquer coisa pelo poder, eu fico temerosa em relação ao futuro do Brasil.
      Em nosso país, de um lado ou de outro, há pessoas de diversos credos apoioando partidos políticos ou mesmo participando como candidatos. Esse também não é um fato novo na história brasileira, nem na história da humanidade de forma geral. Nos casos em que a postura partidária é sustentada por uma opção ideológica amadurecida, nos casos em que as coisas são tomadas e respeitadas dentro de seus respectivos dominios, a opção partidária se justifica afinal todos somos agentes políticos, independente de sermos ou não agentes religiosos.  Me assusta é a forma como as coisas vêm acontecendo, pois quando se lança mão de preconceitos, inverdades ou mesmo da venda descarada de votos, os fatos configuram-se num retrocesso político, disfarçado em discurso religioso doutrinário.
        O livro de Huxley mostra como o fanatismo pode servir, além de meio de escape para histerismos, para manobras de poder e interesses políticos, e isso lá na Idade Média. Caetano Veloso realmente tem razão: vivemos noutra Idade Média, situada no futuro, não no passado...

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