Hoje foi um dia, digamos assim, gratificante. Estive durante o dia na Secretaria de Educação apresentando para professores da rede municpal o projeto que coordeno na minha escola no turno da manhã. Foi gratificante porque foi um dia de perceber que a vida sabe o que faz comigo. Enquanto outras portas me foram fechadas, ela me trouxe outros espaços de realização profissional onde eu tenho liberdade plena de trabalho e onde tenho a confiança plena dos colegas que comigo desenvolvem o projeto de educação especial. Porque, na verdade, nunca quis o status e/ou o poder que o fazer acadêmico traz consigo. Eu sempre quis um espaço para fazer algo de forma verdadeira e livre. E esse espaço eu o tenho dentro de meu trabalho com a educação pública básica. E isso não tem preço. E tem também uma dimensão política fantástica. Estou mostrando aos meus colegas que podemos fazer a diferença a partir do momento que dissermos que somos responsáveis e donos de nossas práticas.
Hoje eu tenho um espaço de ação, de prática pedagógica que é meu e isso não quer dizer que ele seja perfeito ou que esteja completo e fechado, quer dizer apenas que posso CRIAR minha prática, que ouço os outros e suas contribuições e que os outros me ouvem também. Espaço de diálogo é fundamental porque em instituições fechadas isto não existe. Existe apenas inteligência emocional, arma fundamental pro jogo de poder. E eu, fundamentalmente, não quero, não desejo, não penso pro meu país, uma sociedade pautada no jogo de poder. Quero antes a arte e a poesia, o sorriso na cara, o conhecimento compartilhado abertamente, pois isso é a base de uma sociedade feliz e livre. E não há como construir algo nestes moldes se as nossas medidas de ação forem mesquinhas e egoístas, se os atores não forem pessoas guiadas pela dimensão da liberdade e do amor. É, eu continuo fiel a alguns postulados assumidos aos vinte anos e espero, sinceramente, não sucumbir ao peso dos fatos históricos que os anos trazem consigo.
Neta segunda à tardinha, eu voltei da escola tranquila e feliz com estes meus tempos em que, de novo, eu coloco uma mochila nas costas e me sinto recomeçando. Meus alunos intrigados com a mochila (professora, a senhora vai vir sempre de mochila?). Dizem meus colegas q, mais q nunca, estou conseguindo me misturar aos alunos. Que coisa boa ter o espírito fresco no outono!!! Então, chegando em casa, um e-mail me chamando pro um outro caminho. Oh, não quero. Em time que está ganhando não se mexe! Ainda mais se for pra levar na cara por opção. Eu não sou burra e não gasto meu tempo dando murro em ponta de faca. Meu tempo é sagrado e ele foi feito só pra aquilo que pode dar certo.
"Mas de repente a madrugada mudou
E certamente
Aquele trem já passou
E se passou
Passou daqui pra melhor, foi!
Só quero saber do que pode dar certo
Não tenho tempo a perder."
Outras coisas estão dando certo na minha vida e algumas pessoas não precisam me cumprimentar na rua ou no shopping com aquele olhar desesperado de "por favor não venha falar comigo". Eu não preciso falar com elas. A vida não se resume na alternativa que elas, inconscientemente, sabem que me devem. Sei que encontrá-las atrapalha seu humor, deixa seu dia 'esquisito'. Isso está escrito na cara e no gesto de cumprimento à distância. Eu me limito a rir. Sabem tão pouco de mim. Me julgam por outros parâmetros.
Minha mochila nas costas e meus livros têm me escancarado uma enorme estrada à frente que me convida a ser o que eu sou de forma plena e leve. Por isso nunca sorri tanto na vida.
Hoje foi um dia feliz. Eu pude ser plenamente o que sou.
Eu... eu "Vou prestigiar o time do saci-pererê!! Muito melhor do que muitos por aí com duas pernas de pau." (Banda Black Rio - Saci Pererê (Gilberto Gil))
Chegando em casa, preparei um pão de alho, abri uma cerveja e arrumei minha cozinha escutando o Caetano. Nada mais... simples assim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário