quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O mundo do papel


         Não sei de onde herdei esse gosto. Onde e quando na minha primeira infância se deu esse encontro que marcou definitivamente minha vida. Talvez tenha se dado nos antigos armazéns de meu pai, no seu trabalho de escrituração de mercadorias e vendas... Outro dia, remexendo as coisas lá na minha mãe, achei cadernos antigos em que ele escriturava o movimento do comércio.
        Apenas sei que o cheiro e a textura têm pra mim um aspecto quase sencual. Adoro cheirar livros novos, adoro dobrar, recortar, amassar. Adoooro papel.
           No projeto da minha casa, pedi ao arquiteto q o espaço destinado à biblioteca também servisse como ateliê. Quero prodzir papel, quero escrever sobre ele, jogar tinta, misturar essências na pasta, criar texturas. Eu adoooro papel  e seu mundo, ainda mais agora que, com computador e impressoras avançadas, é praticamente possível ter uma gráfica em casa.
           Papiros, tabuletas de argila, pergaminhos, tipos móveis, teclas....  A minha Olivetti verde, presente do meu pai quando terminei o segundo grau e passei no vestibular. E vinte e três anos depois seu brilho no olhar ao saber do meu livro... Como, às vezes, a gente leva tempo pra entender as coisas, pra perceber o nosso verdadeiro caminho!
        É decididamente, o amor pelo mundo do papel se não é genético, é edipiano... De qualquer forma, é amor, paixão violenta e eterna.
Fernanda Meireles, 12.01.2011, JF com manhã chuvosa  (pra variar).

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