terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Leituras de férias

            Me sento, agora, para atualizar minhas micro-resenhas de minhas leituras neste janeiro metade chuvoso, metade solar, para mim, regado a café na mesa da cozinha e uma estante cheia de infinitos borgeanos.
Bom, para começar quero agradecer, mas uma vez, à Ju Gervason por ter, depois de tanto me indicar, me enfiar um livro do Mia Couto nas mãos, numa dessas visitas economicamente suicidas a uma bookstore. Ju, vc tem toda razão nessa sua paixão antiga que, agora, é minha tb. O livro que li é uma coletânea de contos chamado O fio das missangas. Lindo, lindo, lindo. Reencontrei ali, noutra dimensão, um Guimarães Rosa, transmutado, mas plenamente lírico e, tb acredito, um pouco de Clarice em A despedideira, um dos contos q mais me fascinaram. A partir de agora, essa outra estente q trago metafórica e lírica em mim abriu uma janela, um infinito particular para Mia Couto. Virão outros volumes, é promessa, já se fez necessidade.
              O segundo volume lido foi o de Natália Ginzburg, Léxico Familiar, livro sobre o qual havia tido um interesse particular há muito tempo, mesmo com algumas indicações contrárias. Bom, não encontrei ali relametne o que algumas críticas em jornais e na net me levaram a esperar: um trabalho mais formal que, inclusive justicasse o título - Léxico Familiar. Por Léxico Familiar toma a autora uma série de frases e ditos comuns no cotidiano de sua família. Então, não há mesmo, nenhum trabalho formal diferente ou inovador. Há, sim, um retrato de uma família num período bastante grande de tempo, marcado por ditos e frases cotidiana, comuns tb a qqr família grande e/ou italiana. Mas por esse lado, o livro tem seu valor. Está ali um retrato do q era ser uma família judia italiana num perído q vai da ascensção do fascismo na Itálai até o pós-guerra. Vale como um retarto bem pintado de um tempo.
           O outro livro , tb de um italiano, foi "A lua e as fogueiras" de Cesare Pavese. Conheci Pavese por causa de Italo Calvino q listou esse livro entre seus prediletos em "Por que ler os clássicos", para mim, uma referência de biblioteca básica. Do Pavese, primeiro conheci uma coletânea de poemas, fantástica, intensa, lírica, cheia vinhedos, terra, vinho, gente... que me fez voltar muito às minha origens e a querer terra pura debaixo de meus pés. Então... li tb A lua e as fogueiras. O livro tem como norte as reflexões de um homem q volta a sua cidadezionha italiana em busca de algo q ele mesmo não sabe o que é, mas que tem a ver com uma pergunta sobre si, sobre ter chão, ter uma casa, ter raiz, enfim. Falando, assim, pode parecer trivial, mas o q me encanta em Pavese é seu lirismo e sua intensidade ao retratar a vida. Vai estar sempre entre meus preferidos.
           Por último, comento um livro muito leve e delicado que recebi de alguém tb apaixonado  por livros, q vive todos os seus dias rodeado por eles. Recebi e li, num jato só, Seu Ibrahim e as Flores do Corão, de Eric-Emmanuel Schmitt. O livro trata da amizade entre um velho mulçumano sufi e um menino judeu abandonado pela mãe em criança e pelo pai na adolescência. O livro não é piegas porque não recorre ao sentimentalismo, trata da amizade de uma forma lírica, sem esconder as diferenças étnicas, socias e culturais entre esses dois povos.
        Segui um link com trechos da encenação portuguesa da obra e uma entrevista com o diretor:
http://www.youtube.com/watch?v=cBmGOrK4ScE

3 comentários:

  1. Fê, adoro suas dicas!
    Já li a poesia do Mia e adorei!
    Como vai a casa nova?

    Beijinhos!

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  2. Não conheço nenhum desses autores... E bem que eu queria tempo pra ler meus livros nessas férias, mas está impossível! Tem um professor que passou trabalhos pras férias e estou num grupo de estudos, pelo menos pra isso estou lendo Eneida. Inclusive, você tem alguma dica sobre esse livro? Devo participar de um evento que trata sobre magia e religião já UERJ...
    Beijão

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  3. Mia Couto é amor. Fico feliz por você, enfim, ter se aproximado dele. =)
    Tardamos, eu sei, você nem e eu no Rascunho! =)
    Mas nunca é tarde, certo?

    Também ganhei de presente o seu Ibrahim, e acho que da mesma pessoa, ahn? =)

    Beijos, minha amiga. Saudades.

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