domingo, 22 de maio de 2011

Diário de Bordo

         Tem uma frase do GRosa que é assim: "O rio não quer chegar, mas ficar largo e profundo". Realmente, eu não quero chegar nunca. Ontem, foi um dia em que alarguei minhas margens e aprofundei meu leito. Ontem fui ao Rio ver principalmente a exposição  "Fernando Pessoa, Plural como o Universo", no Centro Cultural dos Correios e visitar também a Exposição da artista Laurie Anderson, "I in U, Eu em Tu",  no CCBB.
       Mas começamos o dia visitando o Forte de Copacabana que sediava o evento Conexão Leitura com entrevista e sessão de autógrafos com o mineiro Júlio Emílo Brás:
       Numa manhã fresca pra um carioca, mas quente pra um mineiro, o mar estava para surfista e batia forte nas pedras. Depois fomos almoçar no Centro Histórico, com direito a uma escapada para uma daquelas livrarias pequenas e aconchegantes  que pululam por lá. Estantes abarrotadas, pilhas de livros que crescem pelo chão do mezanino em meio a poltronas velhas onde vc se senta e pode ficar horas batendo papo com o proprietário que possui a mesma paixão q vc: livros. (Bem diferentes daqueles funcionários de mega bookstore q só sabem vomitar em vc os últimos lançamentos da grande indústria livreira. "A senhora não gosta de A Cabana, não?" Argh.).
          Dessa vez, conheci a livraria Folha Seca, que tb é uma pequena editora, especializada em literatura e cultura africana e brasileira, samba e futebol. O proprietário me deu um Mapa do Centro Histórico do Rio com os endereços de todas as livrarias e points culturais. Eu trouxe um pra Ju Gervason tb porque eu não quero ir pro inferno,  não quero ter sentimento de culpa e cartão de crédito estourado, não quero ter crise de compulsão sozinha. Afinal, amigos são para essas coisas.
          Depois do almoço, fomos à sobremesa e ao cafezinho na Confeitaria Colombo. Para quem é apaixonado por literatura,  o local tem uma aura maior ainda porque vc se lembra de autores e obras e, se deixar, um cafezinho é pouco.

            Porém, eu não podia ficar ali na tortallete de maçã falando do Machado. Eu tinha que ver o FPessoa. Oh, my god, que tortura (rsrsrs). Então, vamos. Se é pra sofrer de paixão, que seja agora então.
           A exposição "Fernando Pessoa, Plural como o Universo" é uma exposição interativa, com elementos tecnológicos (cabines para os principais heterônimos com projeção animada de poemas, um grande pêndulo que apontava para um tanque de areia onde alguns de seus escritos místicos eram projetados (!!!), um grande livro virtual numa imensa mesa de madeira que, a um toque do dedo, folheava as páginas, um labirinto de espelhos com imagens dele q se misturam às suas quando vc entra lá... o diabo em bits, enfim), mas como eu como sou de "amor à moda antiga", eu gostei mesmo foi de ver os exemplares das revistas em que ele publicou, as primeiras edições de seus escritos (a primeira edição de A Mensagem) e as caricaturas do Almada Negreiros. Deliciem-se comigo:
                                   

                                               

                                        
                              ("Antinous", a sua ausência grita na minha estante.)



                                  
                                                           (Edição histórica)



             Depois disso tudo, ainda cravei espaço na alma para ver a exposição "I in U/Eu em Tu" da Laurie Anderson no CCBB. Um evento de performances com muita tecnologia, misturando som, música, projeção de imagens, pintura, poesia, dança,fotografia,  instalações... (As fotos são retiradas da net porque era proibido fotografar lá). Só para vcs terem uma idéia:

            Poesia pelas paredes:
              

        Mesa pra vc ouvir música através dos ossos:
                      
         
           Travesseiros sonoros pra sonhar (ou ter pesadelos):
               

      Performances de dança e música pra vc acompanhar com olhos e ouvidos:
            

     O violino q se toca sozinho:
              

                   Foi um sábado de me deixar exausta e plena. O corpo adormeceu em paz. A alma amanheceu leve: rio mais largo e mais profundo, correndo calmo e fresco nesta manhã morna de domingo.

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