segunda-feira, 16 de maio de 2011

pro josé

          E tem aquele sujeito q vai passar a vida arrumando formas de ter mais dinheiro além do seu já suficiente salário mensal. É uma obra aqui, uma comissão num negócio ali, uma venda de espaço publicitário acolá. Isso tudo porque ele precisa provar pra si mesmo que há mais ou menos 30 anos não tinha condições de fazer a mudança q deveria ter feito em sua vida.
       Hoje ele tem mulher e familiares para cuidar e, com isso, prova também que é um excelente sujeito, moralmente inquestionável. Homem exemplar e, além de tudo, preocupado com o lugar onde mora.
        Mas e esse peso na consciência que sempre que se deixa livre o pensamento o toma de assalto? Essa sombra que, juntamente com os anos, vai aumentando uma conta q ele não sabe pra quem tem de pagar?
         Esse é o resultado da vontade fraca porque, a cada dia q passa, ele sabe q não ter condições era só uma justificativa pro seu medo. E, mais ainda, ele sabe q justificativas é uma coisa de fracos. Condições são construídas a ferro, se preciso. E se tiver um filho, o q vai ensinar a ele?
       Podia começar ensinando a mandar o pai à merda. Seria uma coisa honesta consigo e uma prova de grande amor paterno. Mas ele será capaz de destruir a imagem q construiu de si e se mostar aos outros como ele realmente consegue se ver?  Afinal a verdade é uma das suas bandeiras. Ele é defensor da ética. Oh, o perigo de se querer colocar como baluarte de princípios é ter q esconder algumas coisinhas debaixo do tapete.
       Como dizia  Drummond, e agora José? O tempo está passando, José... até quando vc vai fugir de si mesmo?
       As coisas aqui embaixo nunca saem de graça. Algumas custam até bem caro.
       Chutar tampinhas, nesses casos, não é uma boa estratégia. Essas tampinhas são especiais: têm um efeito bumerang e (detalhe) voltam sempre maiores e mais pesadas sobre nossas cabeças.

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